ALFREDO DE BARROS LIMA JÚNIOR
Lima Júnior nasceu em Camaragibe, Alagoas, Brasil, a 24 de fevereiro de 1893, sendo seus pais dr. Alfredo de Barros Lima e dona Ninfa do Rêgo Lima.
Bacharelou-se em Direito na Faculdade de Recife, foi jornalista militante e, depois, advogado de grande projeção em seu Estado. Membra do Instituto Histórico de Alagoas e membro da Academia Alagoana de Letras.
Aposentou-se como funcionário municipal.
Publicou, aos 17 anos, um livro de versos — “Canções da idade de ouro”.
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
ILUSÃO, DOCE AMIGA...
Foste a mais doce amiga
Que na vida encontrei...
Deste-me tudo que sonhei de grande
E me fizeste crer que fui no mundo
O que eu não fui,
O que eu não sou,
O que eu não serei.
Pela mão me tomaste e à glória, até, um dia,
Meus passos conduziste.
E a estrada em que eu me vi, para minha ventura,
Foi mesmo a estrada amplíssima de um sonho
Que regaste e floriste.
Andei, assim, na vida,
Sem contara, se medir minhas horas ditosas,
Tua mansa carícia enternecida
Punha clarões de sol na minha adolescência
E me coroava a fronte
De louros e de rosas.
Tudo quanto almejei ao calor do teu beijo
Tive logo a florir,
E ao rebate febril do meu desejo
Vinham a mim, num movimento de onda,
As minas fartas de Golconda,
Tesouros rútilos de Orfir.
Depois... depois... voluvelmente
Começaste a fugir.
E eu que supunha minhas,
Tuas carícias todas, tristemente,
Vivia a perguntar
Porque te ias e vinhas...
Indo e vindo ficaste; ias e vinhas,
Até que um dia o encanto se desfez
E te foste...
Esperei que voltasses linda e pura,
Esperei, esperei, ainda estou a esperar-te
Mas tu te foste de uma vez...
1925
Germinarei... Florescerei... Semente,
Hei de um dia brotar e hei de florir.
Não passarei no mundo inutilmente
Porque a glória terei de produzir.
A escalada da vida, lentamente,
Farei, cheio de anseio de subir.
Mesmo os pés sangrando irei contente,
Na certeza do triunfo que há de vir.
Não fugirá de mim um só instante
A fé no meu destino e essa vibrante
Alegria que eu tenho de viver...
E se árvore não for — ao céu erguida —
Semente, guardarei por toda vida
A ânsia de germinar e florescer...
1945
Germinei. Floresci. Simples semente,
Rasguei a terra um dia e resoluto
Vim para a vida, destemidamente,
Para pagar à Dor o meu tributo.
Se desde os dias meus de adolescente
Comecei a dar sombra e pouso e fruto
Hoje que árvore sou, a alma se sente
Nova, se em mim os pássaros escuto
Na minha fronde se balançam ninhos,
Nela há palpitações de passarinhos
Que me enternecem suaves e felizes...
E eu estendo os meus braço bem para o alto
E se os meus frutos abençoo e exalto,
Canto, nesse louvor minhas raízes.
*
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Página publicada em junho de 2021
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